23.1.21

a maldição do aniversário

às vezes eu queria poder falar abertamente sobre me sentir triste ou chateada, mas a internet não me parece o lugar apropriado pra isso — isso aqui é feito um oceano, vasto e instável demais pra se derramar as emoções. então, eu venho pra cá.

queria que não doesse tanto no meu coração, às vezes. não me acontece coisa grande, mas todo mundo sabe que corte de papel é dos que mais dói porque incomoda, arde, te lembra o tempo todo que está ali por intermédio da dor. queria ser menos suscetível — não mais forte, simplesmente menos suscetível; resistente ao que me afeta tão fácil. queria não enxergar nas coisas pequenas que me afetam todo o caminho futuro que se apoia nelas: a falta de compreensão, o amor definhando, a tristeza sufocante.

queria sentir só a felicidade e acabar o dia sem a sensação estranha que paira sobre mim de que eventualmente, inexoravelmente, algo vai dar errado. de que algo sempre dá errado.

por mais que eu seja amada, existirá sempre uma sombra que me acometa?

(a pergunta que sempre me faço, e me vejo repetidamente sem resposta)