a dor que permanece é a dor da falta, eu acho. é por isso que é pior quando você retira a faca de um ferimento. de alguma forma, o que era bom vira dor, e a dor de certa maneira não é tão ruim até que deixe de te preencher. esquisito, não? quando a faca entra, você tem que se adaptar, tecido sendo empurrado e sangue envolvendo a lâmina, mas o corpo consegue manter tudo pra dentro; quando a faca sai, a dor é maior, o sangue escapa e o corpo começa a entrar em pânico. mesmo que seja dor, era melhor com a faca ali.
eu ainda estou tentando entender por que sinto tanta raiva de você. talvez porque o que a gente tinha era muito bom; tanto, tanto em comum. eu li um livro outro dia, e a protagonista me lembra você. me lembra quem você era, quem eu não sei se você ainda é. eu tento entender se o que eu sinto é raiva ou um tipo amargo de angústia, se é culpa do sentimento que foi interrompido.
faz tanto tempo que você tirou a faca do meu peito, e ele ainda não parou de sangrar.