É difícil.
Muito é difícil. Às vezes, é mais difícil do que outras vezes. Minhas mãos tremem e eu escrevo, “amarelo”. Respiro fundo, pensando em qual técnica mirabolante eu vou precisar inventar pra não hiperventilar outra vez, e ficar sem ar. “Amarelo”. É muito chato não ter o controle das próprias emoções, sim. E pior ainda é ser encurralada pelo grupinho valentão que são as coisas que podem, “amarelo”, desencadear sentimentos indesejados. Eu gosto de respirar, muito bem, obrigada, e não quero ser privada disso por causa de qualquer coisa. Mas ali e ali e ali a ansiedade me persegue e eu preciso desligar a internet no celular, “amarelo”, pra não ficar checando a cada cinco minutos, ou me apavorar com a luz da notificação. Mas ah, o computador se encarrega do resto.Abas abertas, fechadas, abertas, fechadas, abertas, “amarelo”. Evito abrir ali depois daquilo. Evito qualquer coisa que me exponha mais do que eu preciso me expôr.
Tudo parece muito (“amarelo”) falso, nesses tempos. Qualquer felicidade parece errada, e eu apago. Indignação, apago. Tristeza eu evito, na maioria das vezes, acho que por reflexo, mas também pode ser por não querer que ninguém venha em socorro. Acho que eu não preciso de socorro, ainda. Não está tudo bem, mas eu me viro em “amarelo” borboleta, e consigo lidar. Nem todo momento triste é completamente triste. Nem todo momento feliz é completamente feliz. Um fantasminha camarada me segue e desregula todas as minhas emoções, que estavam organizadas em ordem alfabética. E que razão (“amarelo”) eu tenho pra me intrometer naquele outro lugar? Pra provocar algo ali? Oras, eu não tenho. Eu sou “amarelo” passageira. Eu sempre fui passageira, e não é algo de ruim. Talvez algum dia eu aprenda a não ser passageira, ou a entender melhor as coisas. Mas agora, tudo é muito confuso, creio eu, e nem no meu momento de maior (“amarelo”) lucidez eu consigo me livrar do meu Gasparzinho, enfiando notinhas com coisas das quais eu não tenho certeza por baixo da porta. Maldição, Gaspar! A ajuda não vem a galope! A respiração é difícil, mas ainda de um jeito suportável. As lágrimas não vêm, graças a deus, porque é mais difícil de me esconder tão cedo na noite.
Eu ainda não sei AMARELO bem. Não sei de fins AMARELO nem de começos AMARELO; nunca soube. Não sou muito AMARELO do tipo que sabe das coisas, afinal AMARELO de contas. Eu me AMARELO seguro pra não cair, e só. E nem nessa tarefa tenho AMARELO me saído tão AMARELO bem assim.
Era pra passar com amarelo.
Mas será que passa?