2.7.22

covarde confissão

me pego encarando meus pés-virtuais, grande parte das vezes, pensando em como vou falar das coisas sobre as quais, eventualmente, eu preciso falar. meu relacionamento terminou — não de uma forma bruta, mas terminou, de todo jeito — e eu não quero falar sobre isso. porque falar significa aceitar, e, por mais que eu esteja lidando com isso de uma forma bastante madura, eu não sei se minha cabeça entender o que é aceitar, ainda.

dizer que meu relacionamento terminou é encarar algo que eu não quero e admitir derrota, de certa forma; pro mundo, pra vida, pro meu temperamento e pro dela. é mostrar pras outras pessoas que a história de garota-encontra-garota não é assim tão perfeita (ninguém disse que era, não sei de onde eu tirei isso), perder meus cinco pontos na carteirinha de pessoa-que-se-considera-boa-no-quesito-relacionamentos. e nem tanto isso tudo, mas é encarar que agora eu preciso me adaptar a não chamar a pessoa de quem eu gosto de amor, de benzinho, flertar e deixar meu coração ter soluços de tão apaixonado. e nem é que eu não possa estar apaixonada — esse tipo de coisa não se controla —, mas é que eu não posso ficar expondo isso o tempo todo. acabou. fim. respire fundo e troque amor por um nome, encontre o caminho trilhado rumo ao relacionamento amoroso e pise nos seus próprios passos até chegar no início, onde toda essa baboseira ainda não existia.

acho que, no fim, a maior afetada sou eu mesma. não porque eu não quero dizer aos outros que tudo acabou, não porque eu não quero encarar a derrota ou a perda ou o luto, mas porque é difícil, e eu não gosto de difícil. eu quero me deitar na cama ao lado de alguém e sentir a pele quentinha contra a minha, eu quero poder encarar outros olhos bem de perto, eu quero andar de mãos dadas na rua, e não com qualquer pessoa, mas com ela. a ironia é que isso tudo se deu por minha causa, e eu agora vivo aquele clichê de “a gente só dá o valor depois que perde”.

a perda é minha, a derrota é contra mim, o drama me engole feito onda que corre atrás de criancinha brincando na praia. e eu tento não me deixar levar pelas piores perspectivas, e acreditar que tudo bem dizer eu te amo (porque o amor não acabou) e sentir falta e manter alguém na minha vida de todas as maneiras possíveis, porque não foi deixar de gostar. nunca foi.

assim como nunca foi “alguém”. sempre foi você. e é difícil pensar num mundo em que não seja.