3.7.17

o coeficiente vacilão

a parte menos legal sobre ficar fazendo discursos ideológicos e dizendo o que você pensa sobre ser babaca e amizades e aprender a lidar com os erros é quando você tem que lidar com os seus erros.

eu sou babaca. todo mundo é babaca, em algum momento da vida — seja intencionalmente, sem querer, porque tava com muita coisa na cabeça ou porque não tinha nada ali dentro —, e lidar com isso é uma das coisas mais escrotas do mundo. sabe por quê? porque a gente não aprende a lidar com os próprios problemas, a gente aprende a fugir deles (ou pelo menos foi o que eu aprendi nessa loucura que é a minha vida).

pedir desculpas?
nah, vai tudo voltar ao normal depois.
dizer que ficou chateada?
pra quê, só vai piorar a situação!

é isso o que torna a parte de lidar (lidar direito, não ficar fugindo e evitando as coisas que nem eu fiz a vida toda) complicada: encarar a possibilidade de rejeição no olho, saber que provavelmente ninguém vai passar a mão na sua cabeça e te oferecer confete. vamos ser sinceros: todo mundo quer confere quando admite que erra. todo mundo quer ouvir que é uma pessoa maravilhosa por reconhecer que fez merda, como se isso fosse um super diferencial e elevasse a dita pessoa ao nível de mártir.

só que não tem mártir.

você tem que aceitar que errou feio, tem que sair da parte de afundar no tô me sentindo tão mal por isso, tem que arranjar soluções pros seus problemas.

isso tudo pra dizer que: eu tenho esse trabalho no qual preciso de nada mais nada menos que Muita Nota, porque fui mal o período todo. eu tenho essa amiga que muito provavelmente já passou na matéria, se não me engano, porque é uma das pessoas mais esforçadas que eu já vi e foi bem em todas as provas. o último trabalho é em grupo, e a gente sempre faz trabalhos juntas.

estudo de caso: caguei no pau.

fiquei deprimida por uma série de fatores que vieram acontecendo e se acumulando. deprimida pela primeira vez de um jeito que me deixou realmente com medo (ou a primeira vez que eu posso mesmo confirmar isso, já que né, minha memória bloqueia todas as minhas lembranças importantes), com pensamentos constantes sobre morrer e nada de concentração pra fazer os trabalhos.

o trabalho era complicado.

e o pior é que eu comecei bem, eu realmente comecei bem, ajudando a fazer as coisas e planejando. mas de algum jeito, no meio do caminho, acabei me tornando no tipo de pessoa que eu mais odeio: a que faz pouca coisa, deixa muito em cima das costas dos outros, não se compromete tanto.

ultimate vacilona.

e eu já pedi desculpas, mas né.

agora tenho que respirar fundo, empurrar a dor insistente no peito pra outro lugar, e continuar a tentar não bombar esse período — enquanto penso no que eu posso fazer pra compensar ter sido um lixo humano.

é difícil viver, às vezes. principalmente quando a gente tem que sair do "faça o que eu digo, não faça o que eu faço" e fazer o que você mesma diz, também.